|3. Norte: o nosso lugar

O povoamento da costa norte do Pico, mais alcantilada e sem baías capazes de conferir abrigo fácil para a ancoragem de navios, processou-se certamente em época posterior à da Vila das Lajes. 
Na costa norte da ilha, provavelmente em São Roque, estruturava-se já uma sociedade com alguma diferenciação, logo no início do século XVI.

Rodrigo Álvares e sua mulher Isabel Vaz são considerados os fundadores ab initio da Vila de São Roque. Rodrigo foi o principal homem e o mais rico da banda norte, tendo recebido terras em dadas de sesmaria.
A sua propriedade estendia-se do mar à serra, subindo pela Ribeira da Lage, passando depois aos Brejos e daí até ao Cabeço do Escalvado, no mato.
Também possuía os terrenos onde se ergue o convento de São Pedro da Alcântara, doados por três descendentes dos fundadores e a ermida de São Miguel Arcanjo, construída pelos fundadores.

São Roque: A génese

A distância a que as freguesias de São Roque e da Prainha se encontravam das Lajes, e as condições dos acessos colocavam dificuldades acrescidas à resolução de uma série de problemas, nomeadamente àqueles de caráter administrativo, tendo impulsionado decisivamente a necessidade de criar uma nova Vila na banda norte, e levando a população a organizar-se em defesa desse projeto.

Satisfeita a pretensão por alvará de 10 de novembro de 1542 a escolha do lugar onde sedear a nova Vila recaiu sobre a freguesia de São Roque.
Ficaram pertencendo ao concelho as freguesias de S. Roque, de Nossa Senhora D’Ajuda (Prainha) e da Madalena, ficando o antigo concelho com a freguesia da Santíssima Trindade na Vila das Lages, a de Sana Bárbara e a de S. Mateus.

Logo no início de 1543 procedeu-se à eleição de magistrados e demais funcionários municipais.
Os responsáveis camarários eram eleitos anualmente por meio de pelouros que eram sorteados e que continham embebidas as listas de candidatos para cada um dos lugares – dois juízes que exerciam as funções de presidente e vice-presidente da Câmara, um número de vereadores que variava segundo a população do concelho.

(Artigo número 3 no âmbito da celebração dos 476 anos de elevação de São Roque do Pico a Vila. O texto tem como base a obra ‘Uma Sociedade do Antigo Regime – São Roque do Pico: o território e as famílias’ de Igor Espínola de França.)