|5. São Roque: Freguesias e Administração

O crescimento populacional do Pico acentuou-se entre a segunda metade do século XVI e o final da centúria seguinte, e parte substancial desse esforço deve-se ao desenvolvimento da Vila de São Roque, em cuja jurisdição serão criadas quatro novas freguesias de origem seiscentista.

Os dados indicam que São Roque tem mais de metade da população da ilha, sendo que o total rondava as 3 mil pessoas.

Tal como no Faial, o raciocínio em relação às novas freguesias do concelho: o donatário repartiu a ilha pelos seus principais companheiros como lhes tinha prometido, e cada um deles com os seus dependentes e se foi estabelecendo na parte que lhe pertencia formando pequenas povoações que depois se converteram em populosas freguesias, tendo cada um destes chefes repartido pela sua gente uma parte das terras que lhe pertenciam.

Existem registos de moradores de Santo amaro, nomeadamente no Labaçal de Santo Amaro (Terra Alta) do início do século XVII.

A freguesia de Santo António deve também ter sido criada no início do século XVII. As famílias sentiram a necessidade de erguer a ermida da furna porque a distância à vila dificultava o cumprimento dos seus deveres religiosos.

Santa Luzia foi criada no início do século XVII, mas no fim do século XVI já existem registos de moradores na Ossada, lugar na atual freguesia de Santa Luzia.
A freguesia das Bandeiras já era habitada no final do século XVI.

Logo no primeiro quartel do seculo XVIII têm lugar duas crises vulcânicas no Pico, em 1718 e 1720, tendo a primeira atingido diretamente as freguesias de Santa luzia e São João.

Esta crise não afetou o crescimento populacional do concelho, mas conferiu impulso à construção do seu convento.

Em 8 de março de 1723 criou-se o concelho de Madalena, que tomaria por sua sede a freguesia de Santa Maria Madalena e anexaria também a das Bandeiras, bem como as freguesias da Candelária e São Mateus, subtraídas ao concelho das Lajes.

Esta era uma antiga ambição faialense. Já então era evidente a subordinação da elite picoense à ilha vizinha.
A criação aconteceu, também, por a população da ilha estar consideravelmente aumentada.

As condições do acordo de criação da Madalena parecem claramente vantajosas para os faialenses, então proprietários de importante parcela do território nas freguesias das Bandeiras, Madalena, Candelária e São Mateus.

Esta situação alterar-se-ia no século seguinte quando as pragas das vinhas obrigaram muitos proprietários faialenses a vender, desvalorizados, os vinhedos infestados, porque estes já não garantiam um rendimento atrativo.

(Artigo número 5 no âmbito da celebração dos 476 anos de elevação de São Roque do Pico a Vila. O texto tem como base a obra ‘Uma Sociedade do Antigo Regime – São Roque do Pico: o território e as famílias’ de Igor Espínola de França.)