PR 2 PIC

CAMINHO DOS BURROS

NAS LAVAS DA HISTÓRIA...

  1. Freguesia:
    São Roque
  2. Localização :
    Zona Central do Pico - Baía de Canas
  3. Parque Natural de Ilha (Montanha do Pico, Prainha e Caveiro)
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NAS LAVAS DA HISTÓRIA

 

A caminhada que se propõe fazer começa na zona planáltica, que forma a crista da ilha, levando-o numa descida até ao mar. Estamos portanto a falar de uma variação altimétrica dos 800 aos zero metros de altitude. Desse facto advém a singularidade de neste percurso percorrermos variados habitats, variadas naturezas geológicas e cobertos vegetais, assim como variadas ocupações humanas dos terrenos.

 

O Caminho dos Burros é uma antiga via de circulação pedestre, de homens e animais, muito utilizada por quem tinha de viajar entre as vilas das Lajes e de São Roque do Pico. Grande parte deste percurso é ainda percetível, sendo a caminhada realizada sobre o piso onde os antigos andaram.

 

O percurso inicia-se tendo de ultrapassar uma cancela que veda o caminho da canada de servidão por onde vamos seguir (Ponto 1). Adiante, antes que esta canada o leve ao pequeno cabeço à sua frente, preste atenção pois tem de sair e meter-se pelo atalho sobre lajidos à sua direita… seguindo ao longo de uma cicatriz que a vegetação apresenta. Passa junto aos cones vulcânicos que originaram o Mistério da Prainha entre 1562/4* (Ponto 2), a mais prolongada erupção histórica desde o povoamento dos Açores. Irá caminhar sobre estas lavas ainda durante algum tempo.

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*Fonte: Universidade dos Açores – Departamento de Geociências, Carta Geológica do Sistema Vulcânico Faial – Pico – São Jorge, elaborada com base em publicações de F. Machado (1955), Zbyszewski (1958,1962), Forjaz e Monjardino (1963), Forjaz, Monjardino e Fernandes (1965) – Fundo topográfico de I. Hidrográfico – fotovulcanologia de V. H. Forjaz.

 

Estamos num habitat de montanha, onde as rochas expostas estão ainda num processo de colonização, assediadas constantemente por diáspores da flora envolvente. É uma zona riquíssima, revestida por uma floresta baixa de montanha, com mistura de cedro-do-mato, uva-da-serra, folhado, azevinho, urze, tamujo e malfurada, em cima dos quais crescem as heras e  os espigos-do-cedro; por baixo, os fetos, a orquídea endémica, conchelo-do-mato, e bracel-do-mato.Os tentilhões e os melros pretos lá vão soltando aqui e ali um canto mais sentido. Em pouco tempo o trilho, em lajido e empedrado, leva-o até ao fim desta planura irregular: à sua frente depara-se com a sempre comprida ilha de São Jorge e o profundo canal de mar, com as suas águas espelhadas a esconderem gigantes dos mares. É uma paisagem sublime… inesquecível. Ao iniciar a descida… uma explosão inesperada de trovisco-macho… está por todo o lado. Esta rara espécie endémica tem aqui uma população deveras surpreendente.

 

Encontramo-nos agora na vereda que desce a encosta da ilha. Muda o habitat, mudam as espécies. A floresta de nuvens dá lugar agora a fragmentos de laurissilva onde as espécies arbustivas ficam mais estioladas. Surgem-nos sanguinhos, louros, a silva endémica e mais fetos como língua-de-vaca e esfagno.

Como nós, certamente irá estranhar as macieiras no meio da vereda. Há curiosamente uma razão para lá estarem: diz-se que foram plantadas há muitos anos por aqueles que usavam este Caminho dos Burros, no intuito de, na época devida, satisfazer as necessidades de quem por aqui viesse.

 

Na primeira aberta que a vegetação lhe dá, avista um caminho. À sua esquerda, junto ao mar, a Vila de São Roque. A descida acentua-se e surgem nas encostas prados de altitude, compartimentados por sebes de vegetação natural. Os pássaros assobiam mais intensamente.

 

Chegou ao asfalto… vire à direita. Adiante, entre duas curvas da estrada, surge-nos um caminho de bagacina vermelha, siga por aí com atenção, pois o chão é escorregadio. Por aqui, de novidade, temos matas de criptomérias e acácias, à mistura com faia-da-terra, incenso e conteira.

 

Se reparar, está na fronteira entre as lavas do mistério da Prainha, à sua direita, e os terrenos mais antigos, à sua esquerda. Como é hábito nestas fronteiras, surgem frequentemente depressões ou linhas de água.

 

No cruzamento com o caminho denominado “Meia Encosta” (Ponto 3), vire à direita. Poderão ser avistados alguns fetos arbóreos, pombos torcazes (uma subespécie protegida, endémica dos Açores) e coelhos.

Chega a uma bifurcação (Ponto 4), onde deverá optar por seguir pela esquerda para S. Miguel Arcanjo ou pela direita no sentido de Baía de Canas, por um caminho tranquilo em que o som mais intenso deverá ser mesmo o resvalar das botas na bagacina… que não deixa ouvir mais nada.

Mais à frente um sinal para sair do caminho e entrar numa mata de acácias bordejada de grandes fetos (Diplazium caudatum)(Ponto 5). Nesta densa mata as árvores morrem de pé… mas depois caem, num emaranhado de madeira, parte viva, parte em decomposição. Aqui os sons mais intensos são dos pombos a levantar voo. Começam a surgir mais pinheiros, com as agulhas a acentuarem um pouco mais a mistura monocromática das folhas no chão da vereda.

 

Chegou à Estrada Regional, atravesse-a e siga pelo caminho de acesso ao Parque Florestal da Prainha.

 

Este parque de recreio é não só muito agradável, como poderá comprovar pela quantidade de pessoas que aqui vêm passar umas horas, como está também muito enriquecido pela representação etnográfica das atividades tradicionais, dos usos e costumes das gentes desta ilha. Logo de início junto à “adega” está um miradouro que lhe permite apreciar a grande plataforma lávica formada pela lava que desceu os Cabeços do Mistério e solidificou ao chegar ao mar,  formando delta lávico da ponta do Mistério.

À direita deste delta lávico, onde nidificam barulhentas gaivotas, consegue um primeiro vislumbre sobre a Baía de Canas com a sua pequena praia, onde o calhau rolado teima em esconder boa parte da areia. Por cima deste miradouro, uma zona de merendas, com direito a grelhadores e sanitários. Aqui encontra a adega. Continue a descer, passando por uma zona de endémicas devidamente identificadas. Passa pela eira e está junto a uma casa típica com atafona e reduto. À sua volta tem mais estruturas de lazer e recreio, como sejam: o parque infantil, um cercado com gamos e parque de campismo.

Apresenta ainda uma agradável composição geobotânica onde não falta o cantinho das endémicas, os grandes blocos de escórias vermelhas e muitos exemplares arbóreos que nos dão uma aprazível sombra.

Prossiga, cruze o caminho principal, que desce para a Baía de Canas e continue do outro lado por um troço que está encerrado ao trânsito, bem mais perfumado, com um separador central armado em roseiral.

 

O caminho curva e mais abaixo a sinalização indica-lhe onde se dirigir para iniciar a vereda que o levará ao mar. Ao entrar nesta, vire imediatamente à esquerda – Não siga em frente. O chão irregular e os muros em pedra evidenciam a antiguidade deste atalho que se esconde no meio dos incensos. Na sua parte final, menos declivosa, os muros altos que ladeiam esta vereda de chão primitivo e as lajetas em pedra colocada e ajeitadas no meio da passagem, local preferencial para colocar os pés, denotam a importância que esta teria na vida da população, que sazonalmente encontrava aqui o único acesso à BAÍA DE CANAS.

 

Chega às primeiras casas. Desça sempre pelo antigo acesso à praia: uma peculiar escadaria, empedrada com calhaus rolados subtraídos à praia. É sem dúvida algo pouco frequente e que denota engenho e perícia por quem a construiu.

 

Junto ao mar (Ponto 6) aprecie a praia e relaxe com um bom banho nas águas do canal.

 

A BAÍA DE CANAS

 

A Baía de Canas está integrada na Paisagem Protegida da Cultura da Vinha do Parque Natural da Ilha do Pico.

 

Este aglomerado habitacional terá tido o seu início no séc. XVII, ligado ao cultivo da vinha. Enquanto unidade paisagística mantém algumas adegas reconstruídas a partir de antigas ruínas, currais e os carreiros de acesso pavimentados a pedra.


Como elemento de interesse patrimonial acrescido, encontra o Convento dos Frades, pequeno convento constituído pela Ermida da Boa Viagem (ou Ermida das Dores) e respetivo conjunto habitacional: dormitório, refeitório, cozinha, retrete, e currais, atualmente recuperado para habitação.




  1. Extensão:
    11.2
  2. Duração Média:
    03:30:00
  3. Grau de Dificuldade:
    médio
  4. Tipo de Caminho:
    Caminhos de lava e asfalto
  5. Declive:

  1. Quando Visitar
    Caminhos de lava e asfalto
  2. Homologado
    Sim
  3. Sinalizado
    Sim
  4. Interesse Natural
    Endemismos
  5. Proprietários
    Caminhos Públicos
  6. Entidade Responsável
    Associação Regional de Turismo e Associação “Os Montanheiros”